terça-feira, 14 de julho de 2009

Palma, RIP










Oitenta e sete anos. Vividos a mais de 200 à hora. Aventureiro-revolucionário, Hermínio da Palma Inácio morreu hoje ao princípio de manhã. Assaltou o Banco de Portugal na Figueira da Foz. Terá sido um dos ou, mesmo, o primeiro a desviar um avião civil neste caso da TAP, para lançar uns milhares de panfletos sobre Lisboa e arredores.
Preso não sei quantas vezes, Palma Inácio fugiu algumas tantas mas, o 25 de Abril ainda o passou na cadeia.
Em 1975 assisti a um comício da LUAR no Jardim do Marquês de Pombal, no Porto. Isto durante a campanha para a Assembleia Constituinte. A dado passo, um dos presentes lançou a boca: "Ó Palma, quanto é que gamaste no assalto da Figueira?"
Resposta pronta: "Mortágua [Camilo, seu amigo de sempre e companheiro de aventuras]mostra aí o livro!"
O livro era nem mais nem menos que um antigo e gigantesco livro de contabilidade onde eram anotadas as entradas e saídas de caixa. Claro que Palma Inácio tinha o seu inimigo de estimação: Emídio Guerreiro, seu ex-amigo e companheiro, já então desavindo.
Pouco importa. Morreu Palma Inácio. Lá se foi mais um do reviralho...

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Remake

«A eternização no poder lesa a sociedade. Muito mais se isso se passa num regime democrático. O poder, mesmo se sucessivamente sufragado pelos votos, corrompe. Não as práticas, mas o espírito da coisa. É por isso que a génese das democracias parlamentares assenta na alternativa. Um líder, digno desse nome, deverá ter a humildade e lucidez de sair na altura própria. Mesmo que, para tal, deva designar um herdeiro.
É por isso que o PS continua a ser um caso peculiar no panorama político português. A capacidade dos socialistas em minar tudo aquilo que laboriosamente conquistaram não deixa de ser notável. E o Porto não deixa de ser um verdadeiro laboratório.
Em rigor, o PS/Porto não passa de caso psiquiátrico. Ganhou, perdeu, e voltou a ganhar a segunda câmara do país. Primeiro por mérito próprio, depois por demérito dos adversários. Agora, em nome de um aparelho caduco, politicamente muito pouco culto e esclarecido, prepara-se, voluntariamente, para voltar a perder influência na cidade do Porto. E ninguém, no seio do PS, conseguiu reflectir porque razão o dr. Fernando Gomes, para se fazer eleger presidente da Câmara do Porto, impôs ao seu próprio partido uma lista de independentes.
A verdade é que, em Portugal, o PS é verdadeiramente o paradigma da democracia. Então não é que, estatutariamente, as comissões políticas concelhias têm um peso decisivo na escolha dos candidatos às câmaras?
É por isso que a actual situação no PS/Porto é, no mínimo, hilariante. O aparelho concelhio do partido, há anos sob as ordens do mesmo presidente, beneficiando agora da capa protectora de um governante – um ajudante de ministro, como diria Cavaco – prepara-se para reconduzir o mesmo líder. Um político, cito, com um “brilhante currículo”, que ficou conhecido na cidade por ter sido obrigado a pedir desculpa por utilizar uma primeira página de um diário no caso do Jacob Maersk, aquele destroço de navio que adornou durante alguns anos o Castelo do Queijo.
Assim, perpetua-se um líder e inviabiliza-se uma urgente renovação no PS/Porto e na câmara que domina.
De facto, em termos regionais, e plagiando um recente militante, o PS é, mesmo, um partido muito pouco atraente…»

(texto escrito a 16 de Fevereiro de 2001 para uma crónica na Rádio Nova)

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Falta de memória

Terminaram os trabalhos da Comissão Parlamentar de Inquérito ao Sistema Bancário, designação eufemística da “crucificação de Vítor Constâncio”.
Por princípio, defendo a existência de comissões parlamentares de inquérito. No entanto, em determinados casos, como este, dada a sua natureza eminentemente técnica, acho que tudo não passa de uma perda de tempo e recursos e, não raro, de um exercício de baixa política.
Claro que o Banco de Portugal (BP) falhou quanto à supervisão do sistema bancário. No entanto, a história recorda-nos outros casos tão interessantes como estes contemporâneos – BCP, BPN e BPP.
Comecemos por Tavares Moreira, ele mesmo um ex-governador do BP.
José, de seu nome, presidiu ao Central Banco de Investimento que, após manobras pouco transparentes e, sobretudo, dignas e legais, faliu. Os prejuízos disto tudo foram assumidos pela Caixa Central de Credito Agrícola Mútuo.
O BP aplicou-lhe uma punição de inibição de exercer funções no sector durante 7 anos. Claro que, quanto à matéria jurídica, Tavares Moreira vai ganhar tudo, já que a (eterna) prescrição se avizinha.
Não me lembro de nenhuma comissão de inquérito quanto a este caso…
BCP. O assunto começou quando um governo de Cavaco Silva decidiu vender o Banco Português do Atlântico a Jorge Jardim Gonçalves & Friends. Alguém se lembrará das palavras de Belmiro de Azevedo sobre este assunto?
BPN. Oliveira e Costa foi secretário de Estado de quem? Respondo: Cavaco Silva. Dias antes de sair do Governo, Oliveira e Costa concedeu vários perdões fiscais a uma série de amigos do distrito de Aveiro. Todos eles altamente suspeitos e, no mínimo, (a)legais. Blá blá, blá…
Há quantos anos andam nas bocas do mundo as negociatas do BPN? Muitos. A tal ponto que Cavaco Silva se viu na necessidade de esclarecer o “povão” de que nunca tinha tido nada a ver com o BPN. Esqueceu-se de dizer que tinha sido accionista da SLN – holding proprietária do BPN – e que, no espaço de pouco mais de um ano tinha mais que duplicado o capital investido…
BPP. Assunto de Saviotti, Balsemão e outros que tais. Só entra no jogo da bolha quem quer. Que vão bardamerda. Só lamento alguns clientes, Jorge Jesus incluído…
….

Negócio PT/Prisa. Basicamente estou-me nas tintas. Mas como a dra. Ferreira Leite & Cia parecem necessitar de “fosgluten ou fosforoferrero”, aqui vai. Com que então o PSD nunca tentou influenciar os “media”?
Pronto, está bem. Então quem deu ordens expressas ao presidente do Conselho de Administração da RTP para nomear o jornalista-correspondente em Madrid? Acto que ditou a demissão do director de Informação?
Levanto um pouco do véu: é um moço que (agora) muito bem vestido e melhor penteado aparece ao lado da líder do PSD…
E mais: a nomeação de Luís Delgado para a administração da PT foi o quê? Um prémio à competência profissional? Ou o pagamento de inenarráveis favores?
Muito poderia dizer sobre isto, incluindo a RTPN. Mas, agora, vou ali beber uma Bohemia que já tenho a boca seca de tantos palavrões dizer…

sexta-feira, 3 de julho de 2009

ADN

Estou farto de ver torneios de ténis na televisão. SportTV, entendamo-nos. Um negócio de Joaquim Oliveira-(então) PT que, se calhar, o PSD de Ferreira Leite/Cavaco Silva poderia ter questionado. (Já terão, assim, identificado alguns dos meus ódios de estimação)
Passado este intróito, continuo sem perceber como é possível que as irmãs Williams continuem inscritas em torneios femininos.
Desafio desde já qualquer jogador masculino, entre os 10 primeiros do ranking, a vencer uma partida frente às "gunas" Williamas.
Se alguém achar que o ténis feminino não deve ser visto, então continue a transmitir os jogos dos manos, perdão, manas Williams.
Já agora: os testes anti-dopping englobam a identificação do ADN?

PT

Volto em breve à PT.
Para recordar à drª Manuela Ferreira Leite algumas coisas e outras tantas gentes. À cabeça Luís Delgado...

...que conseguiu vender à empresa na qual "trabalhava" um jornal on-line falido...

Vómito

Repentinamente, eis que me entra porta adentro - via tv, é claro - a figura de Agostinho Branquinho, um obscuro deputado do PSD, eleito pelo Porto, hoje transformado numa figura de proa.
Branquinho decidiu queixar-se da RTP. Porque a estação pública trata mal ou não trata as posições, opiniões, espirros, tosses, resfriados, diarreias e outras maleitas que tal do PSD.

Ora Agostinho Branquinho notabilizou-se como jornalista da RTP. Onde, aliás, a sua isenção, o seu rigor informativo, o respeito pelo Código Deontológico, assiduidade e pontualidade eram bem conhecidas.

Depois, já como político e empresário criou uma ou duas empresas de sucesso que, ainda hoje, andam nas bocas do mundo.

É por estas e por outras que, quando ouço Agostinho Branquinho falar de jornalismo e critérios jornalísticos, no mínimo, vomito.

E nada mais digo...

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Assuma-se p.f.

Esclarecimento prévio.

Nunca gostei de Cavaco Silva. Em nenhuma circunstância. Aliás, vistas bem coisas, o homem tem o condão de me irritar. Principalmente depois da mudança de nome da sua terra natal, Poço de Boliqueime para Fonte de Boliqueime. Ponto final.
Já agora se fosse possível, gostaria que Paranhos se transformasse em Paranhos Village...

Cavaco Silva sempre soube - não sei se por iniciativa própria - vender a sua imagem. Rigor, seriedade, asceta, isento de vícios, adepto do "corte à francesa", ex-accionista da SLN, nunca se pronunciou sobre o "caso BCP", sempre que quer saber alguma coisa chama os protagonistas e informa-se, enfim, temos um presidente Betadine....

Ora a realidade é bem diferente. Sobre a SLN/BPN, o douto foi obrigado a explicar-se publicamente duas vezes. Nem mesmo o amigo Fernando Lima, ex-DN e ex-PT, o conseguiu ajudar. Nem mesmo o diário de referência.

Quanto ao caso BCP, a verdade é que Cavaco foi deixando cair aqui e ali algumas palavras sibilinas. Tem razão quando diz que nunca se pronunciou especificamente sobre o caso. Mas que falou dele, falou. Talvez para ajudar o amigo Tavares Moreira (1)...

O melhor estava para vir. Pelos vistos, a PT preparava-se para comprar 30% da TVI. Alegadamente para, a mando de Sócrates, correr com José Eduardo Moniz - já lhe tinham arranjado um tacho no Benfica, depois na própria PT - e, naturalmente, despachar o "monstro" do jornalismo luso que dá pelo nome de Manuel Moura Guedes.

Sua Excelência decidiu discutir o assunto em público - estava em solo estrangeiro - e repetiu a pergunta que horas antes Manuela Ferreira Leite havia formulado. Se isto não é entrar em campanha eleitoral, vou ali e já venho.

Nada tenho contra isso. Mas, ao menos, que o faça de um modo assumido. Permaneço sentado à espera disso.

Apesar das sondagens que dizia possuir mas ninguém conhecia, Cavaco separou as eleições. Deve ter sido uma das suas mais difíceis decisões...

(1) Inibido pelo BP de exercer actividades no sector bancário. No caso em questão não foi só ele. José de Lemos, do PS, foi igualmente punido. E nunca se queixou publicamente...

BPN

A candura exibida por Dias Loureiro à saída do DCIAP onde foi inquirido sobre o caso BPN causa-me um profundo incómodo.

A tal ponto que, das duas uma:

ou o homem é completamente idiota, o que não se me afigura credível ou possível;

ou o homem se prepara para nos endrominar a todos;

ou, então, pede asilo a Espanha, já que com tais e tamanhas amizades...

Ao contrário de outros casos, em que o silêncio deveria ser norma de conduta, o enjoado inquilino de Belém sobre este nada diz...

Bye Bye Pinho

Parece que, afinal, Manuel Pinho não era assim tão mau ministro. Tecnicamente falando, é claro. Admitamos que o homem, dentro do gabinete e em reuniões restritas possa ter revelado dotes surpreendentes.
Mas reagir desta maneira,


a uma simples e habitual provocação é, no mínimo, surpreendente.

José Sócrates fez bem em aceitar a sua demissão. Embora tenha a certeza que o inverso é a verdade.